Isso mesmo.

19.9.07

Sociabilidade.

Raul era uma rapaz adorado por todos. Realmente, vi poucas pessoas nessa vida que agradassem tanto quanto o rapaz. Vivia rodeado de amigos, nunca teve dificuldades em arranjar namoradas, costumava ser se não o melhor, um dos melhores em todas as atividades sociais que se prestava.
Essa situação era mais do que comum para Raul, na verdade, ele já havia aceitado de coração sua habilidade no trato social. Era muitíssimo bem tratado, nunca se envolveu em uma briga.

Tudo isso começa a mudar numa manhã de segunda-feira. Já não bastasse o stress comum derivado desse dia, Raul percebeu que as pessoas começaram a tratá-lo de forma diferente.
Claro, continuavam cordiais, mas ele sabia muito bem que isso era estranho. Quem se acostuma com "excepcional" não vê "bom" com os mesmos olhos de uma pessoa comum.
Ele fica confuso, mas acredita que tenha sido apenas impressão dele, ou um lapso geral. De qualquer forma, ele continua suas atividades sociais comuns. Trabalha, vai para a faculdade, emenda um barzinho... Um dia comum.
No dia seguinte, Raul percebe que seus amigos estão ainda mais frios que no dia anterior. Não que isso seja excessivamente ruim, ele é capaz de se tornar mais produtivo não sendo o centro das atenções, como sempre. Volta direto para casa dessa vez.
Quarta-feira. Raul não conseguiu dormir muito bem, imaginando o que poderia ter acontecido. Mas ele sabe que sua atitude positiva tinha sido o que o colocara tão bem aos olhos alheios, e por isso, ele sorri e segue para o trabalho. Chegando lá, ele encontra seus colegas conversando sobre como o happy-hour tinha sido divertido no dia anterior. Confuso, pois não havia participado, Raul pergunta o porquê de não ter sido convidado. Depois de ouvir uma desculpa claramente esfarrapada envolvendo a dificuldade de entrar em contato com ele, resolve relevar e voltar para sua mesa. Não diz uma palavra durante o dia.
Vai para a faculdade, e seus amigos de lá continuam o tratamento. Ele se sente isolado, pela primeira vez em sua vida. Volta pra casa e chora por algumas horas, sozinho.
Na quinta-feira, Raul sai de casa com um sorriso estranho no rosto. Chega em seu emprego com uma hora de antecedência, tranca-se no banheiro. Lá, fica por algumas horas. Seu celular toca algumas vezes, e ele vê que o número é da secretária de seu chefe. Claro, para cobrar atrasos, querem falar com ele...
Saindo do mictório, se depara com um dia comum de trabalho.
As pessoas começam a gritar, correr, os mais fracos são jogados ao chão e pisoteados. Alguns se ajoelham e começam a rezar. Vítimas fáceis.
Raul começa a descarregar sua arma com uma fúria impressionante. Ele conta mais de dez corpos caídos no chão, e sabe que ainda tem mais três pentes de munição. Os seguranças se aproximam, mas são rechaçados pelos disparos constantes de sua arma.
Ele sente o cheiro da pólvora impregnando suas narinas, dilatadas pela descarga de adrenalina, que agora faz seu coração pulsar como nunca. A sensação é incrível.
Para coroar um momento tão especial, Raul aponta a pistola para a própria testa, e se prepara para completar seu plano. Mas é surpreendido por um grito em coro:
"SUURRRPRESAAAAA!!!"
Bexigas começam a voar pela sala, pessoas vestidas com chapéus de festa riem e dançam ao som de uma música que começara a tocar naquele momento.
Raul fica estático. Todos que estavam caídos no chão levantam e batem palmas. A faixa desenrolada pelos amigos continha a inscrição: "Você foi promovido!"
Um de seus melhores amigos toca o ombro de Raul e diz que as balas eram de festim. E que tudo isso estava armado faz tempo pelo seu chefe. Eles tiveram até o cuidado de avisar os amigos de faculdade dele sobre a armação. Um plano perfeito.
Raul pergunta como eles sabiam que ele teria exatamente essa reação. É prontamente respondido pelo seu chefe de departamento, que acabara de se aproximar:
"Simples, Raul, você é um psicopata. A psicóloga da empresa já tinha me avisado faz tempo."
Ele não entende... pergunta por que ele estava sendo promovido ao invés de demitido. Novamente, recebe a resposta prontamente:
"Promovido? Você vai ser preso! É que eu não resisto à uma piada... Segurança, pode levar!"

Raul passou 16 anos na cadeia.
E foi o detento mais popular da cela.

Moral da história: "Tudo pode ser uma festa!"

Culpado: PopFashionBlackHole em 15:27

1 Comments:

Blogger redator surtado said...

é uma festa? então toca Rauuuulll!

20.9.07  

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